Como parte do processo de aprimoramento e diálogo com outros atores que implementam redes comunitárias no Brasil e em outros países, a equipe do Nupef participou da oficina 'Redes Comunitárias: o que são? Como fazer?”, promovido pelo em março de 2019.
O objetivo da oficina foi contribuir com a construção de redes colaborativas de compartilhamento de dados e internet através de wi-fi, introduzindo as redes mesh ao público, bem como conceitos básicos de redes.
A oficina contou com a colaboração de Rodrigo Troian, ativista de software livre que se especializou em redes em malha por wi-fi utilizando roteadores de baixo custo e é membro do da rede Coolab e consultor do Nupef em seus projetos de redes comunitárias; da AlterMundi, organização argentina que desenvolve projetos de comunicação comunitária; de Adriano Belisário, jornalista colaborador da agência A Pública e que atua com redes comunitárias e mídia independente desde a década de 2000, de Hiure Queiroz, da rede Coolab, entre outros.
O coordenador de projetos de redes comunitárias Paulo Duarte participou das oficinas e acredita que encontros assim são importantes para trocar informações e impressões sobre desafios, novidades e conquistas com outras organizações e pessoas que têm desenvolvido projetos com o objetivo de promover o direito à comunicação por meio de redes livres.
Entre os conceitos apresentados estão o conceito desenvolvido durante a Cumbre Latino Americana de Redes Comunitárias – promovida pela ISOC (1) - que consiste no fato de redes comunitárias serem de propriedade coletiva e de estarem sob gestão da comunidade. Podem ser constituídas como coletivos, comunidades indígenas ou organizações sem fins lucrativos da sociedade civil que exercem seu direito à comunicação, sob os princípios da participação democrática de seus membros, equidade, igualdade de gênero, diversidade e pluralidade.
Os oficineiros discorreram também sobre a importância de as informações sobre a criação, operação e manutenção serem abertas e acessíveis, permitindo e favorecendo a extensão da rede pelos usuários. Segundo os realizadores, redes comunitárias promovem serviços e conteúdos locais, a neutralidade da rede e buscam acordos gratuitos de interconexão e trânsito com outras redes que oferecem reciprocidade.
Os participantes das oficinas puderem conhecer as diversas topologias possíveis de redes (Ring, Mesh, Star, Fully connected, Line, Tree, Bus) e suas implicações (ou seja, quais favorecem uma rede centralizada, descentralizada ou não distribuída). Além disso, puderam conhecer como se planeja e desenha o mapa de uma rede para que opere de maneira exitosa, como funcionam roteadores, o que são firmwares, protocolos, e outros conceitos fundamentais para a implementação de uma rede comunitária.
Aproximadamente 40 pessoas participaram da oficina, que aconteceu em março de 2019 no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo. O material da oficina está disponível em (2).
O Instituto Nupef conta com o apoio da Fundação Ford e da Internet Society, por meio do programa Beyond the Net, e tem implementado redes comunitárias em zonas rurais junto a movimentos quilombolas e das quebradeiras de coco babaçu. Antes disso, o Nupef e a RITS, organização em que surgiu o Nupef na década de 2000, já haviam desenvolvido iniciativas de acesso à internet por meio de telecentros e de centros de acesso em comunidades nas mais diversas regiões do país - da região sudeste à Amazônia, tendo sempre como pano de fundo o desenvolvimento humano e a promoção de direitos.
(1) http://cnsig.info/cumbre/lac/2018/09/17/Cumbre-Latinoamericana.html